domingo, 4 de outubro de 2009

Poeteiros

Hoje, 4 de outubro... ao passar pelo Salto15Vermelho, vi algo que sabia, mas ha muito ja não lembrava... HOJE É O DIA DO POETA!!!

Sempre tive uma queda pelos versos, e até tentei rabiscar algumas coisas, mas não consegui... Por sorte, o Alsife apareceu e me deu a honra de emprestar as mãos a quem saiba escrever...

Passei um tempo quebrando a cabeça pra entender o que é ser poeta.. ainda não consegui, mas ja tenho algumas pistas: ser poeta não é escrever, até o Sarney escreve; ser poeta não é dominar a literatura, livros didáticos tem conteúdo de sobra... ser poeta é... simplesmente ser poeta!! Não precisa escrever, se o poema lhe causa estranhamento, você se sintoniza com o poeta que o escreveu. Se não somos poetas ao escrever, o somos ao ler (A uma poeta)... No fim, todos que apreciam isso tem 'alma de poeta'... somos simplesmente... POETAS!!

Eu queria colocar algo legal aqui... mas a Dona Lali ja fisgou Pessoa primeiro... tudo bem, Bandeira e Cecília também arregaçam... vamos lá:














Poética - Manuel Bandeira

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo

De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

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Motivo - Cecília Meireles

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
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