sábado, 23 de março de 2013

Mili-Surto - Lagartas


"Incompatibilizaram. Cobraram. Brigaram. Afastaram-se. Sentiram. Transformaram-se. Agora são o que deveriam ser um para o outro. Mas para outros."

sábado, 28 de janeiro de 2012

Micro-Surto - Amargura

"Amargura não nasce por geração espontânea, sempre tem quem plante a semente." - Casulo Pupa

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Papo bom

ELA diz:

e eu preciso ir deitar pq tenho que acordar cedo

:(


ELEELELELELE diz:

que pena...

hj eu to bom pra conversar...

:P


ELA diz:

pois é

vc está bom para conversar e eu com saudade :(


ELE diz:

“saudade”... é bom ler isso, sabia?


ELA diz:

é né


ELE diz:

é sim...

faz dar vontade de sentir saudade tb...

e retribuir o bom que é ler isso ;)

domingo, 11 de setembro de 2011

Terceiro Quintino

"O segredo não é correr atrás das borboletas... é pagar por elas em um colecionador de insetos..." - Terceiro Quintino

domingo, 17 de abril de 2011

Fios e Pegadas

Fios e pegadas (Alsife Ezá)


"Viagem de cerca de duas horas. Caminho longo, cheio de curvas, já sabia o quanto seria entediante e desconfortável a jornada de volta naquele circular intermunicipal. Esperei que todos entrassem, até mesmo a senhora que chegou depois, meio ofegante, trazendo duas bolsas cheias de coisas valorosas, a julgar pela força com que se agarrava a elas. Paguei a tarifa, me sentei do lado direito, acomodei a mochila e o guarda chuva, para que não dançassem a cada curva apressada. Tirei o livro da mochila, aquele que comecei há dois dias e que me impelia à leitura urgente, quase viciada. Livro bom é como entorpecente. Abri, mudei o marcador para o meio do livro, li o último parágrafo já lido, a fim de reavivar a intensidade sensorial abruptamente cortada pela chegada do ônibus e pelo tilintar coletivo das moedas. Falatório em redor não atrapalha, mas sons financeiramente metálicos desconcentram minha leitura; vai entender. A iluminação é ruim, e procuro em volta um lugar melhor e logo ali, no lado esquerdo, um pouco à frente, um lugar vago, na verdade os dois, bem embaixo da melhor lâmpada lateral, que mais iluminava. Parecia reservado para mim. Juntei mochila, guarda-chuva, livro fechado entre o polegar e o médio, com o indicador marcando a posição. Sentei, acomodei, voltei no mesmo parágrafo revitalizador e segui a leitura.

Pessoas entram e saem, sentam e levantam, rostos comuns e indiferentes. Solavancos e paradas constantes me desviam da leitura por alguns instantes, é quando percebo a troca de rostos. Normalmente procuro por belos rostos e formas, para amenizar a chateação da viagem e descansar os olhos da leitura sob a luz deficiente. Mas neste itinerário, difícil se deleitar com belas visões, o que me faz voltar à leitura em poucos segundos. Realmente, o livro consegue ser muito mais fascinante que qualquer acaso feminino no momento, se considerar que meus olhos têm vontade própria em relação ao gênero oposto.

Quando reparo que já não há mais pessoas em pé e os lugares voltam a vagar, me dou conta que estou quase chegando ao meu destino, faltando talvez vinte ou trinta minutos. Poxa! Nem vi o tempo passar... Caramba! Eu li todas essas páginas mesmo? Senti orgulho de mim, intelectualmente envaidecido. Será que alguém reparara minha notória qualidade de leitor voraz? Talvez não, talvez sim, pouco importa. Leio apenas mais um trecho só até o final do capítulo; marco, fecho e guardo o livro, para finalmente descansar um pouco a visão e também não ser surpreendido pela chegada do meu ponto em meio a transes de absorção literária.

Olhando pela janela, nada me interessa. Volto os olhos para o interior. Olho as horas, faltam cerca de quinze minutos. Entre os poucos passageiros sem graça, vejo um coque dois assentos à frente do meu. Sem explicação, começo a reparar-lhe os detalhes.

Coque bem feito, redondamente alinhado, com alguns fios soltos. Adoro fios soltos, rebeldes contra a ordem imposta pelas mãos que modelam os cabelos. Mas estes não eram rebeldes... não, não eram. Estavam propositalmente soltos, compondo com a suave penugem da nuca singular e belo convite à apreciação. Que manchas são essas? Não, não... são tatuagens... Interessante! Na nuca, no lado esquerdo, pouco abaixo de onde termina a penugem capilar, apontando para trás da orelha. Não são pequenas estrelas alinhadas, como provas de uma moda frívola. São pequenas pegadas de gato, quatro ao todo, imitando um rastro felino. Delicadas, me fazem tentar revelar suas intenções. Pegadas de gato, de gata, gatinha, felina, tigresa... há mesmo quem saiba escolher bem seus adornos. Como se quisesse exibir seu código felino, trajava regata preta, de pouco tecido nas costas; se parece com roupa de ginástica: exibe os ombros bem desenhados, um pescoço fino e longo, musculatura sutil e firme.

Mais um solavanco. O coque começa a se desfazer. Cuidadosamente, as mãos se apresentam. Unhas longas, bem feitas. São rosas? Sim, são rosas. Há quanto tempo não vejo unhas pintadas de rosa; normalmente são desenhos milimétricos muito bonitinhos, mas nada femininos, apenas infantis. Dedos longos e finos, como as unhas. Mãos de pele lisa e firme, revelam a juventude da observada. Será bonita? A escuridão da pista impede a visão externa de qualquer coisa que chame sua atenção e a faça virar o rosto. E como quero vê-la!

As mãos começam um balet lento e gracioso. Uma segura o coque, a outra retira o elástico. O cabelo começa a ser desenrolado cuidadosamente. A cada volta desfeita, um brilho novo de mostra. Quanto brilho! Pude tocá-lo com os olhos, e sentir a maciez: cabelos incrivelmente sedosos, macios, brilhantes... só em comerciais de TV se vê cabelos assim, seria possível? Todo liberto, se mostra longo. Castanho, liso, macio, longo e... belo. As mãos parecem dançar: seguram suavemente e enrolam duas vezes sobre a base, prende um laço com o elástico, enrolam mais duas vezes, prende, e termina a delicada escultura em quatro amarras totais. Parece uma rosa acastanhada feita de fios de seda.

O vento seca meus olhos. Seca? Como assim? Não piscara desde o segundo ato, a apresentação das mãos. A cena causava-me furtiva catarse. Embriaguei-me do momento fugaz, entreguei-me à contemplação solitária da beleza alheia, sem ser percebido. Senti vergonha, melindrei-me comigo mesmo, vi-me ingenuamente fascinado. Correu em mim calafrios adolescentes.

O espetáculo ainda não terminou. Ao ajeitar o coque com leves tapinhas, fez questão de puxar alguns fios, que se desprenderam do conjunto e graciosamente caíam sobre o pescoço nu e embora estivessem na frente, evidenciavam aqueles rastros felinos. Justamente aqueles fios mais finos, menores e mais claros, que parecem nascer unicamente para atrair carícias preliminares de prazer maior.

Sinto mais calafrios. Procuro sentir-me, investigo mentalmente minhas sensações. Busco sinais. Será possível? Refino a busca, de fato, não há tumescencia. Sinto os calafrios, e os calores são imaginários. Sim! Isso é além, é mais... já começou além da carne! Deixar de admirar é impensado, meus olhos não conseguem se desviar. Como será o rosto? Por que não se vira por um segundo que seja? Não... não vai virar... as mãos já me viram, brincaram em meus pensamentos e avisaram-na de seu pobre expectador... Mas bem que podia presentear-me, dar chance a uma rápida e singela troca de olhar, permitir ofertar-lhe minha admiração.

Chega meu ponto, levanto, toco o sinal. Já em pé, espero a derradeira oportunidade de ver-lhe o semblante, quero e preciso guardá-la em minha mente, mas ela não vira. Um casal com filhinho se aproxima, dá a passagem, e minha cordialidade me obriga a insistir que desçam primeiro. Percebo a lentidão, penso que se tivesse descido primeiro, daria tempo de andar pelo lado de fora e simular uma travessia de calçada, apenas para retê-la nas retinas. Que infeliz cortês!

Desço, olho as horas. No curto trajeto até meu castelo, faço cálculos. Penso nela, naquela dama de cabelos belos, mãos dançantes e rastros felinos perturbadores. Tive certeza.

Por quase dezesseis minutos amei uma rosa de fios de seda e rastros felinos de tinta."

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Mili-Surto - Dedos

“ - Mas e aí? Valeu a pena ter passado tanto tempo assim lá?
- Ah... Acho que valeu, sim...
...
...
...
- Por que você estrala tanto os dedos?
- ...
- Tudo bem, sem problemas. Foi mal...

Ele, sentado no banco, pouco abaixo dela, na poltrona, era visto com as juntas das mãos vermelhas, já sem sair qualquer som articulável. Ora ou outra ficava de cabeça baixa, pensativa.
5 minutos e meio. Ele levanta a cabeça, olha com a catarse de um jornalista enternecido ao narrar uma calamidade natural e os socorros recebidos de diversas partes do país...
Arranha a garganta.
Respira.

- Sabe... Mesmo... É que você é linda demais – agora agradecendo as ajudas voluntárias – e eu me sinto profundamente atraído por você. – Sorriso curto, de canto da boca – e como eu não tenho coragem de dizer, estralo os dedos... – E volta a estralar os dedos.

Expressão de “hein?”. Olhos curiosos. Ele continua sorrindo. E estralando os dedos e olhando.

- Hein?
- Você não está muito acostumada com isso, né? – o sorriso de meia-boca vira um sorriso inteiro, sereno. – Não sei fazer rodeios, tenho dificuldade enorme em organizar as idéias e manter um flerte contínuo. É mais fácil falar assim. – E ri.

Acha graça. Ri junto. Levanta, vai mudar de posição. Os olhos se acompanham. Que olhar é esse? Hum... Cara de malandro. Gosta. Ele pega no braço. Sente a mão firme. Olha com curiosidade. Cora. E ele fala. ”

sábado, 26 de junho de 2010

Pensatório

To pensando seriamente em comprar um notebook e me livrar do desktop... acabo de voltar do "pensatório" e como sempre, tive mil idéias pra escrever... voltei, sentei em frente ao pc e... e... e... nada!! As coisas fogem da cabeça, embora continuem lá... é estranho: parece que lá no pensatório o texto flui magnificamente, com desenvoltura, leveza, genialidade e beleza... mas é só levantar para as coisas desandarem... continuam lá, mas apenas o conteúdo, o assunto do futuro nati-morto texto, mas a coisa palpável, concreta, o texto em si, com suas ordens e desordens, coerência e surtos... aí já era...
Eu vim pra cá agora pra escrever algo sobre o “terceirismo pessoal”, algo que falarei futuramente, mas agora não consigo mais... to escrevendo sobre outra coisa que nem eu mesmo sei o que é... acho que vou discorrer sobre isso: sobre a dialética pensatoriana de estar sentando lá e aqui...
Ok, bola pra frente...
Pensando em termos producentes, o que faz alguém ordenar as idéias? Muitos dizem que é a prática, o exercício mental, a atividade intelectual freqüente, forçando o cérebro a criar mais e mais sinapses pra que as informações se encontrem mais facilmente, se conectem, formem novas informações e assim ocorra uma grande rave cerebral, com muita droga rolando e deixando os neurônios doidões e felizes, e o melhor é que são drogas naturais, produzidas pelo próprio cérebro... tecnicamente, é isso...
(acabei de ter uma rave cerebral agora, cheguei até a levantar da cadeira pra dançar, acreditem! kkk)
Mas em verdade, vos digo: não é nada disso!!! Esse negócio de sinapse é tudo balela... foi invenção do PSDB junto com o PT pra iludir a população... o que faz alguém ordenar as idéias é, na verdade, o momento e o local em que se encontram... sim, isso mesmo, essa ordem vem de fatores externos imediatos... claro que um pouco de exercício mental também ajuda, afinal, um cérebro obeso não agüenta correr... porém, se o momento e o local não contribuírem, nada feito... tenho como prova eu mesmo...
Sempre que estou no pensatório, as idéias vêm de uma forma realmente assustadora... vêm aos montes, de uma vez só... o curioso é os pensamentos já virem em forma de texto escrito: penso as frases como já estivem prontas pra publicar, com pontuações, concordâncias, coesão, coerência e toda essa parte chata da gramática... os textos são verdadeiramente lindos no quesito literariedade, mas só são lindos lá... o pensatório me faz muito feliz, e ao mesmo tempo muito triste... me sinto psicologicamente preso a ele, numa simbiose porca e perfeita: eu o alimento, e ele desperta meu cérebro... essa simbiose é muito vantajosa, mas não dá pra praticá-la em qualquer lugar... por isso essa dicotomia da criação textual em mim...
Fico realmente de saco cheio com isso... e até tento me valer de outros meios, mas não dá: lá, tudo é melhor...até mesmo um mísero tembral fica melhor quando feito lá... (ah!! “tembral”, algo que também falarei no futuro, pra qualquer dia desses, não sei quando... quaçquer dia vou precisar fazer um post, ou vários, só pra explicar minhas expressões, rs)
Eu gostaria realmente que as propriedades psíquicas literárias do pensatório me acompanhassem pra todo lugar... já até tentei estabelecer uma ligação telepática com ele, mas o desgraçado (modo de falar, viu? gosto muito de você, Tório) não colabora... ele só ajuda quando é alimentado, e infelizmente só consigo fazer isso 1 ou duas vezes ao dia...
Enfim... ou eu compro um notebook e levo pra lá, ou trago o Tório pra frente do pc...
Qual sai mais barato??
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